O que a Igreja diz?

Novas comunidades, uma nova primavera!

“Os Movimentos e as Novas Comunidades são a resposta providencial suscitada pelo Espírito Santo. Vós sois esta resposta providencial”

São João Paulo II

O Novo Testamento nos traz a identidade do Povo de Deus, um povo consagrado pela unção do Espírito Santo, onde a entrada de cada fiel à família Cristã por meio do Batismo e à comunhão com Jesus Cristo através da Eucaristia vai edificando a igreja. No meio deste povo que é todo consagrado, o Espírito suscita uma variedade de carismas em vista de uma missão própria e distinta na Igreja e no mundo.

Após um tempo de divisão do Povo de Deus em clérigos e leigos, onde ao leigo era permitida apenas a escuta da Palavra e a obediência hierárquica dentro da Igreja, tivemos essa situação transformada pelo Concílio Vaticano II, o qual discutiu a importância da missão dos leigos na Igreja e resultou em diversos documentos que norteiam o papel do laicato e das associações privadas de fiéis, onde a maioria são constituídas como Novas Comunidades Eclesiais.

As Novas Comunidades, possuem características próprias conforme seu Carisma e são administradas de acordo com seus estatutos, porém devem obedecer às normas do Direito Canônico e à doutrina católica, respondendo a todos os ensinamentos da Igreja e contribuindo para a salvação dos homens.

Apesar de há muito tempo existirem comunidades cristãs, foi em 1998 que São João Paulo II reuniu os Movimentos Eclesiais e as Novas Comunidades na Praça de São Pedro, durante a Festa de Pentecostes, para reconhecer sua fundamental participação na Igreja e afirmar que devem ser testemunhas da ação do Espírito Santo, devem proclamar sem temor as verdades da fé, e suscitar em cada um o ardente desejo da santidade. Nessa oportunidade, São João Paulo II define as Novas Comunidades como “sinais de esperança para o bem da Igreja e dos homens.”

Como declarou São João Paulo II: “A partir do Concílio Vaticano II, o Espírito Santo suscitou uma primavera na Igreja. As flores e os frutos dessa primavera podem ser vistos, sobretudo, nos Novos movimentos e nas Novas Comunidades de Vida e Aliança, envolvendo especialmente os jovens que deixam tudo, os prazeres do mundo, a família, para servir a Deus unicamente.”

Diante desta declaração, percebemos que o Papa João Paulo II reconheceu e confiou às Novas Comunidades o anúncio e o testemunho do Evangelho no mundo secular, que hoje vive dominado pelo relativismo, e tantas outras ideologias inseridas no mundo social, profissional, cultural e político.

As Novas Comunidades se destacam pelo impulso missionário, fato destacado pelos bispos, conforme Exortação Apostólica Pós Sinodal Verbum Domini, do Santo Padre Emérito Bento XVI: “O Sínodo reconhece, com gratidão, que os movimentos eclesiais e as novas comunidades constituem, na Igreja, uma grande força para a evangelização neste tempo, impelindo a desenvolver novas formas de anúncio do Evangelho.”

Em 14 de maio de 2016, o Cardeal Gerhard Ludwig Muller assinou a carta da Congregação para a Doutrina da Fé, “Iuvenescit Ecclesia”, a qual foi dirigida aos Bispos do mundo inteiro e trata os carismas como “dons de importância irrenunciável para a vida e a missão eclesial”.

Apesar de ainda não constar claramente nos documentos da Igreja a inserção eclesiástica das Novas Comunidades, já podemos perceber a riqueza trazida por estas associações, e constatar que a igreja cada vez mais vem reconhecendo a importância dos fiéis leigos que doam sua vida pelo Reino de Deus, e sem dúvida contribuem para a missão evangelizadora da Igreja e no despertar da fé de muitas pessoas, com ardor missionário e alegria de ser um consagrado.

Lucilene Ribeiro da Costa
Consagrada na Comunidade Filhos da Cruz / Pertença de Aliança
Bacharel em Direito/Pós-graduada em Direito Canônico

[1] JOÃO PAULO II. Papa. Mensagem do Papa João Paulo II aos participantes do Congresso Mundial dos Movimentos Eclesiais. Roma, 27 de maio de 1998. Disponível em: http://www.vatican.va/roman_curia/pontifical_councils/laity/documents/rc_pc_laity_doc_27051998_movements-speech-hf_po.html

[2] BENTO XI, Papa. Exortação Apostólica Pós Sinodal Verbum Domini (n.94).